Caracterização

Relevância e Justificativas

A demanda pelo curso de Engenharia de Produção, em suas diferentes áreas de atuação, é crescente. Mostra-o, por exemplo, o elevado número de alunos que optam pelas ênfases Produção (no curso de engenharia mecânica) e Construção Civil, onde o DEP tem também uma boa participação. No curso de engenharia mecânica, foi solicitado ao Departamento, em 1995, através de um abaixo assinado dos alunos (com 102 assinaturas), a formalização da Habilitação, para que fosse reconhecida oficialmente esta formação que abrange a maior parte dos alunos que ingressam no curso. A criação do Curso de Engenharia de Produção, inicialmente com os percursos ou modalidades Processos Discretos (Produção-Mecânica) e Processos Contínuos (Produção-Automação), atenderá tanto a essa demanda manifesta pela Engenharia de Produção como trará também benefícios para a coordenação dos outros cursos de engenharia, permitindo uma formação técnica mais bem definida, em particular para a Engenharia Mecânica, à qual o DEP está mais intimamente ligado. Consta do Plano Estratégico do DEP, o oferecimento em breve do percurso Processos Unitários (Produção-Civil).

Externamente, esta demanda se manifesta através do grande interesse pelos cursos de pós-graduação oferecidos pelo DEP. O curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, criado em 1990, tornou-se permanente e oferece duas turmas por ano, enquanto o mestrado tem regularmente recebido cerca de 60 inscrições para 16 vagas. Em outras universidades, onde o curso de graduação está implantado há mais tempo, a Engenharia de Produção mantém um alto índice de inscrições no vestibular.

Não é preciso discorrer longamente sobre o grande potencial do mercado de trabalho para o Engenheiro de Produção em Minas Gerais, constituído principalmente pela indústria metal-mecânica, que registra, por exemplo, um crescimento acelerado da indústria automobilística e do setor de autopeças, a construção civil, que é tradicional em nosso Estado, e processos contÍnuos em geral (mineração, siderurgia, cimento e química), setores onde poderão atuar as duas modalidades de Engenharia de Produção que serão inicialmente oferecidas (Produção-Mecânica/ Processos Discretos, e Produção-Automação/ Processos Contínuos) e posteriormente a terceira modalidade de Produção-Civil (Processos Unitários).

Como já dissemos anteriormente, os novos cursos de graduação em Engenharia de Produção (UFOP, EFEI ) revelam a importante demanda pela Engenharia de Produção em Minas Gerais. A demanda social crescente pela Engenharia de Produção decorre fundamentalmente de seu papel estratégico para o aumento da competitividade industrial, fornecendo meios para inovar a produção com modelos de gestão e organizacionais que buscam melhorias contínuas, qualidade, desenvolvimento integrado de produtos, redução permanente de custos, integração de funções, sistemas de informação vinculados ao chão-de-fábrica, organização do trabalho através de implementação de equipes de trabalho, requalificação da mão-de-obra, participação e mobilização da inteligência dos trabalhadores diretos…

Novas Ênfases ou Novo Curso ?

Uma questão fundamental deve desde já ser respondida sem rodeios: por que criar umnovo curso, que se constitui essencialmente em diversos percursos ou modalidades apoiados solidamente em bases técnicas específicas das outras engenharias, e não apenas oferecer tais opções através da flexibilização dos cursos de engenharia atualmente existentes? Noutros termos, dada a perspectiva de flexibilização curricular, justificar-se-ia, ainda, a criação de um novo curso de Engenharia de Produção ou poder-se-ia atender às demandas sociais de formação com a criação de percursos nos cursos atualmente existentes?

A fim de acentuarmos a necessidade de se criar um novo curso de Engenharia de Produção talvez seja útil relatarmos brevemente os percalços encontrados pela coordenação de um curso, como o de Engenharia Mecânica, que deve conciliar duas formações diferenciadas: a ênfase mecânica-produção, de natureza mais organizacional e gerencial, e as demais ênfases técnicas da Engenharia Mecânica (térmica, aeronáutica e construção de máquinas). Dois dos professores do Departamento de Engenharia de Produção e membros da Comissão de elaboração do Projeto do Curso de Graduação se formaram na ênfase mecânica-produção na própria Escola de Engenharia e um deles foi coordenador do curso de Engenharia Mecânica, tendo a oportunidade de conhecer de perto as dificuldades colocadas pela coexistência de formações diferenciadas em um só curso. Por isso, sempre foi vontade manifesta e consenso entre professores do DEMEC e do DEP trabalhar no sentido de separar os dois cursos (que, de fato, quase existiam, já que a ênfase Produção na Engenharia Mecânica possui evidentemente um perfil semelhante ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção-Mecânica/ Processos Discretos), o que facilitaria as atividades de coordenação de ambos os lados. Assim, com a criação do curso de graduação em Engenharia de Produção deixa de ter sentido manter a ênfase Engenharia Mecânica-Produção.

A decisão de criar um novo curso, entretanto, não é de ordem puramente pragmática, motivada apenas para nos vermos livres de problemas burocrático-administrativos relacionados às dificuldades usuais de coordenação de cursos de graduação. A “pequena” inversão dos termos (de mecânica-produção para produção-mecânica) pressupõe, de fato, toda uma inversão de filosofia e de compreensão do que é a Engenharia de Produção, coisa impossível de ser constituída através de uma simples ênfase apensada ao final de 3 ou 4 anos do curso de Engenharia Mecânica ou de qualquer outro curso de engenharia. A ênfase mecânica-produção, em verdade, nunca formou bons engenheiros de produção.

Portanto, a atual proposta de criação do curso de graduação em Engenharia de Produção responde à necessidade de se estabelecer formas de relacionamento e de convivência mais apropriadas entre Engenharia de Produção e Engenharia Mecânica. Esta é, aliás, a estratégia definida e adotada pelo DEP no interior do plano de reestruturação do Ensino de Graduação na Escola de Engenharia, tal como foi discutido nos seminários ao longo de dois anos, cujos elementos essenciais podem ser vistos no anexo VI do projeto. Acreditamos que só será possível desenvolver uma identidade própria à Engenharia de Produção se criarmos percursos ou modalidades independentes dos outros cursos de engenharia.

Com isso não queremos nos furtar à cooperação ainda necessária com a coordenação do curso de Engenharia Mecânica, na medida em que os dois departamentos terão doravante um relacionamento bem mais intenso e com maior reciprocidade, caso seja interesse da coordenação da Engenharia Mecânica continuar com a ênfase Produção, questão que cabe exclusivamente ao Colegiado decidir. Portanto, apesar das semelhanças formais entre uma ênfase produção em algum outro curso de engenharia e um percurso da Engenharia de Produção construída sobre a mesma base técnica, há diferenças essenciais que justificam a criação de um novo curso. Como a estratégia do DEP em relação ao ensino de graduação em Engenharia de Produção consiste em vincular os percursos solidamente a bases técnicas específicas (inicialmente, Processos Discretos e Processos Contínuos) e, posteriormente Processos Unitários é evidente que haja semelhanças entre uma formação e outra. Para colocar de forma breve: a questão consiste em explicar a diferença entre um percurso do curso de Engenharia de Produção e uma ênfase em um outro curso.