Planejamento

Planejamento Estratégico de Implementação do Curso de Graduação

As características de flexibilidade e a multidisciplinaridade do curso de Engenharia de Produção o tornam um projeto complexo que requer um planejamento estratégico preciso, a fim de se criarem as condições necessárias para uma coordenação efetiva do curso. Vale a pena ressaltar mais uma vez que as bases de implementação do curso nas modalidades Processos Discretos e Processos Contínuos já estão consolidadas e, a curto prazo, a estratégia do DEP privilegia a Processos Unitários. A longo prazo, serão desenvolvidas outras modalidades, como por exemplo, agro-indústria ou serviços. A estratégia do DEP consiste no acúmulo de conhecimentos e de experiência possibilitados por atividades de pesquisa orientadas para determinados setores da produção, o que leva ao oferecimento de disciplinas optativas para as diferentes engenharias, constituindo a base para eventual criação de uma nova modalidade, tal como ocorreu nas três modalidades contempladas neste projeto ( considerando a Civil/ Processos Unitários).

A opção por esta diversificação de percursos foi certamente propiciada pela proposta de flexibilização apresentada pela PROGRAD e a escolha destas três modalidades em especial corresponde à experiência atualmente existente no DEP. Estas condições possibilitaram a ampliação do curso para abranger outras bases técnicas (mecânica, civil e automação), que não por acaso correspondem aos parques industriais tradicionais em Minas Gerais, garantindo, assim, um mercado de trabalho seguro para os futuros formandos.

As opções pelas três modalidades atuais está, portanto, fundamentada em condições acadêmicas favoráveis e na existência de um amplo mercado de trabalho. A extensão futura e oferecimento de novas modalidades ou percursos (eventualmente, produção-agroindutrial ou produção-serviços) está condicionada à ampliação do atual quadro docente do DEP, contratando docentes que se especializarão nestas outras áreas, onde o potencial do mercado de trabalho para o engenheiro de produção é igualmente importante.

A criação deste curso se insere igualmente em um projeto mais amplo de modernização do ensino de graduação na EEUFMG. Embora este projeto global não seja objeto da presente proposta, é necessário mencioná-lo para evidenciar as inter-relações entre as diferentes linhas de ação do DEP, sobretudo as interferências, no momento de se pensar os recursos necessários à sua implementação.

Atualmente, três eixos básicos norteiam as formas de atuação do DEP no ensino de graduação em todas as áreas da engenharia. As linhas de ação do DEP estão descritas e justificadas no anexo VI. Aqui nos limitamos a explicitar os meios necessários para implementá-las e como serão concretizadas.

1. Manter o atual elenco de disciplinas correspondentes às extintas matérias de currículo mínimo (CM) e obrigatórias (OB) que são de caráter mais geral e oferecidas a todos os cursos. No projeto de modernização deverão ser buscadas soluções para os seguintes problemas: (1.1)localização na grade curricular; (1.2)conteúdo específico (ligado à base técnica) ou geral (gestão). A resposta a estas questões depende, por um lado, da natureza dos processos produtivos que, numa primeira aproximação, seria possível reunir em três classes mais homogêneas: processos discretos unitários (civil), processos discretos em série (mecânica, elétrica (fabricação)), processos contínuos (elétrica (produção de energia), química, minas, metalurgia e engenharia de automação e controle). Por outro lado, será preciso considerar a natureza das matérias, que poderá se concretizar numa só disciplina abarcando todas essas áreas ou, ao contrário, exigir maior diferenciação.

2. Aumentar o oferecimento de outras matérias na forma de disciplinas optativas (OP) específicas às diferentes áreas (e respectivos processos técnicos), e acompanhando a demanda dos alunos e da coordenação didática dos outros cursos de engenharia. Essas disciplinas optativas específicas serão reduzidas ao mínimo, na medida em que forem oferecidas opções no interior do próprio curso de Engenharia de Produção. O que deve ser pensado neste caso é se estas disciplinas optativas constituíriam uma ênfase (como ocorre atualmente na mecânica e, parcialmente, na civil) ou se apenas comporiam um elenco de disciplinas colocadas à escolha dos alunos. Isto dependerá, evidentemente, das transformações ora em curso nos diversos currículos da Escola de Engenharia. Além disso, a dosagem conveniente destas disciplinas, de modo a não descaracterizar o perfil do engenheiro de uma determinada especialidade, também deverá ser definida conjuntamente com os colegiados de curso.

A estratégia global de atuação do DEP constitui-se, assim, em um processo gradativo, baseado na aquisição de competências gerais e específicas para atender às diferentes demandas nas diversas áreas da engenharia, e procura conciliar diferentes estratégias viáveis no curto, médio e longo prazo, compatíveis com os recursos hoje disponíveis e com um plano de contratação e capacitação docente coerente com as expansões pretendidas.

O curso será implantado, semestre a semestre, a partir do vestibular de 2001, com 80 vagas ao ano, com duas entradas de 40 alunos, prevendo-se um aumento do número de vagas após a consolidação do curso, sem causar maiores impactos em termos de pessoal ou instalações físicas da UFMG.

Atividades de Pesquisa de Suporte ao Projeto de Graduação

Em razão da especificidade de seu objeto, a um só tempo técnico e social, devem ser criadas as condições, no interior do próprio departamento, para aprofundar e sistematizar a compreensão das relações entre engenharia e sociedade, quer para atender as demandas dos outros cursos, quer para dar a orientação apropriada ao curso de Engenharia de Produção. Para atingir estes objetivos, julgamos ser necessário criar no interior do próprio DEP um grupo de estudos e de pesquisas sobre o tema “Tecnologia, Trabalho e Sociedade”, que deverá ser integrado por especialistas das ciências humanas e sociais interessados em estudos histórico-sociais da produção e da tecnologia (economia industrial, sociologia do trabalho, história da tecnologia, antropologia econômica, filosofia da tecnologia e do trabalho). Duas vagas de professor adjunto já foram alocadas e preenchidas na especialidade de economia industrial. Acreditamos que, assim, poderemos superar as barreiras da especialização universitária, criando no interior mesmo da Escola de Engenharia um grupo multidisciplinar em torno do estudo de um único objeto – a tecnologia e a produção.